Recibos de Motel

quarta-feira, 2 de junho de 2010 | Published in | 1 comentários

Recibos de motel! Simples e direto desse jeito, o assunto que vamos tratar hoje é sobre recibos de motel. Mais precisamente sobre como um homem se sente quando se acham recibos de motel em uma de suas roupas.
A situação é clássica: a esposa, pegando as camisas do cesto de roupa suja, começa a revirar os bolsos. Numa determinada camisa ela encontra uma recibo de motel, daqueles dizendo a hora que você entrou e a hora que você saiu. Está armada a confusão, não existe explicação saudável (ou que pelo menos impeça o surgimento de uma tremenda crise familiar) que possa ser dada num momento como esse. Óbvio que sua esposa sabe que você não foi ao motel com ela, e claro que ela sabe o que você fez lá. Divórcios começam assim, e pior ainda, muitos maridos apanham por conta de histórias assim (e para nós, pobres homens, não existe lei Maria da Penha).
Mas existe algo que consegue ser muito pior do que a situação acima descrita. Algo incomensuravelmente mais constrangedor, mais inexplicável, mais elevado a máxima potência que qualquer situação vexatória que você já passou na sua vida. A situação a qual eu me refiro é a mesma do parágrafo anterior, só que substituindo a palavra “esposa’ pela palavra “mãe”.
Sua mãe, ao colocar suas roupas para lavar, encontra aquele recibo de motel após revirar seus bolsos. E toma um longo questionário: com quem era, como foi, se usaram camisinha e principalmente (graças ao mundo moderno que vivemos) se você estava lá com uma mulher. Na hora que ela pergunta se era uma mulher, os olhos de sua mãe demonstram aflição e a expressão de seu rosto mostra angústia... Nessa hora, não se sabe o que é pior, não existe resposta certa, pois mesmo que você diga que estava lá com uma mulher (e assim desfaça a cara de angústia maternal) você invariavelmente irá passar pela pior pergunta de todas. Sua mãe irá olhar para você e perguntar “quem era ela?”. E tome mais um questionário mais constrangedor ainda, no qual você terá de responder perguntas do nível de “é sério?”, “você está namorando?”, “como é a família dela?”.
Enrubescido, você tenta se esquivar com respostas vazias, afinal, as vezes foi algo ocasional, e mães dificilmente entendem o conceito de “foda ocasional”. No seu âmago, a vontade que se tem é de despejar a verdade com os detalhes mais sórdidos apenas como vingança, afinal você precisa devolver o constrangimento que sua genitora está lhe causando: “mãe, foi legal, você e o meu pai precisam experimentar a tocha cubana um dia. Depois te mando um tutorial de como se faz”. Mas na última hora você hesita, algo em você te impede de jogar a verdade, e você volta a se esquivar da forma como pode, com respostas ambíguas para perguntas que você queria não ter que responder.
E quando finalmente, você suado e extenuado, vê o questionário próximo do fim, aquela senhora, que você sempre viu com carinho, sua genitora, matriarca e “mamãe” vira pra você e te fuzila com a última pergunta: “só 2 horas no motel. É muito pouco. Dá pra fazer tudo em tão pouco tempo?”
Nessa hora você olha pra sua mãe, e completamente sem resposta, pega o maldito comprovante do motel, amassa e joga fora. E volta pro quarto pensando: “o que diabos ela e meu pai andam fazendo pra acharem que 2 horas é pouco tempo?”.