Condomínio

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012 | Published in | 0 comentários

Era um condomínio exclusivo fechado, mas bem fechado mesmo, tanto é que atualmente só tinha 12 habitantes. Já tinha havido outros habitantes, as vezes mais, as vezes menos, mas o importante é que já haviam séculos que eram apenas aqueles mesmo doze habitantes.
Eles estavam organizando sua festa de fim de ano, a qual seria no mesmo lugar de sempre. Seria ali, entre a casa de Dezembro e a casa de Janeiro, mas deixar para esses dois a organização de qualquer coisa era difícil. Dezembro era um cara gordo, comilão e beberrão, uma festeiro nato, que costuma resolver todos os problemas jogando-os para serem resolvidos por Janeiro. E Janeiro por sinal também não eram nenhum exemplo de organização, afinal de contas mesmo quando tinha que trabalhar, sua cabeça sempre estava numa praia, nas suas “merecidas férias”, ele era um eterno preguiçoso que adorava deixar os problemas para serem resolvidos depois. E acabava que por isso a festa nunca era das mais organizadas, tendo apenas dia e hora para ocorrer, mas nunca exatamente se sabia o que iria acontecer.
Os outros convidados da festa eram também peculiares. O que Janeiro tinha de preguiçoso, Fevereiro tinha de festeiro, sua cabeça sempre estava no carnaval, no pré-carnaval, no pós-carnaval, na ressaca do carnaval, e os problemas que herdava de Janeiro eram jogados pra frente também.
Já Março era um tipo chato. Não se sabe se era chato por ser chato mesmo ou se era chato apenas porque era obrigado a resolver os problemas de Fevereiro, Janeiro e até mesmo de Dezembro. Abril era um conformado, que só pensava em trabalho, pois sabia que as festas eram deixadas para os demais, e tinha como único descanso o almoço de família de um certo feriado religioso.
Maio era o mais trabalhador de todos. Era aquele que sabia que as festas tinham acabado e que era ele que tinha que tomar decisões, até mesmo decisões de casamento. Junho era um tipo estranho, frio as vezes, calorento as vezes, mas gostava de cidades do interior, e gostava tanto que sempre fazia uma festa para celebrar isso. A única coisa que incomodava Junho era que seu irmão Julho andava copiando demais suas festas, Julho nunca teve muita personalidade mesmo.
Agosto era seco e ríspido, Setembro costumava ser mais agradável e aliviava a secura de Agosto. Outubro era outro festeiro, mas um festeiro que sabia quando parar, apesar de adorar cerveja.
E novembro era neurótico. Novembro sabia que se não fosse ele para resolver um problema, somente Março iria resolver. Nunca podia contar com Dezembro, Janeiro e Fevereiro para resolver nada.
Esses tipos se reuniam todos os anos para celebrar. Eram tipos diferentes e por mais diferentes que fossem conviviam e não mudavam nunca.